sábado, 31 de outubro de 2009

O Começo de Tudo - Parte 1

Na verdade, tudo começou há mais de dez anos. Nos ensaios que fazíamos no quarto da nossa
antiga casa. Amigos afins, unidos pela música, pela possibilidade de fazer sucesso, amigos
de bagunça, muitos desses na verdade, interessados em nossa irmã...
Meu irmão na verdade, foi quem sempre levou as coisas mais à sério e, com dezesseis anos, já
sonhava em viver de música, profissionalmente.
Verdadeiro gosto por música sempre o acompanhou. Desde cedo aprendeu a tocar violão, e
seguiu até saber realmente 'tocar de ouvido'. Aos poucos, o gosto em cantar superou o
instrumento. Mas, seguiu com os dois.
Eu é que nunca tive muito jeito nem paciência pra coisa. Ia na empolgação das idéias e
parava. Acho que o fato de ser canhoto contribuiu pra eu não tocar violão, mas no fundo, eu
sempre fui meio acomodado mesmo. Tentei também tocar teclados e foi pior ainda. Até que um
dia, observei que tocar bateria era aparentemente mais fácil. Coisa nenhuma. Seria mais
tranquilo se eu fosse totalmente canhoto, mas eu sou um falso canhoto. Só pra comer e
escrever é que sou canhoto. Pro resto, sou destro. Então, quem toca bateria pode entender
melhor, a dificuldade que tive em acostumar meu pé esquerdo a controlar o pedal do bumbo,
enquanto o direito, controlar o contra-tempo...
Para tanto, comprei uma antiga bateria RMV, de 3ª mão, em quatro vezes, sem banqueta...e sem
pratos. Usei um pandeiro fixado no contra-tempo por longo tempo, até quem, enfim, consegui
comprar um conjunto de patros Meteor: ataque, condução e contra-tempos. Era o que o dinheiro
que eu tinha dava pra comprar na época. Pro quanto que eu tocava -praticamente nada- servia.
Bateria antiga, antiquada, mas muito robusta, resistente. Ideal pra aguentar os
espancamentos à que eu a submetia quase que diariamente. Sim. Eu chegava do meu trabalho e
desestressava sentado nela. Eu bem que tentava evoluir. Passei a prestar atenção nos grandes
bateristas do mundo. Brasileiros, estrangeiros... todos extremamentes profissionais,
inspiradores e até mesmo desanimadores... E ouvia muita música. Nunca mais ouvi música de
forma casual. A bateria deixava de ser o fundo e virava o principal nos meus ouvidos e
cérebro.
Sei que apesar das dores de cabeça que me cérebro sofreu por tentar 'adestrar' parte do meu
corpo às novas responsabilidades dos membros inferiores, me acostumei, depois de muitos
exercícios e insistência. Passei a gostar do instrumento mesmo. Me rendi.
E o tempo passou. E alguns amigos 'integrantes da banda' (que não existia) nos deixaram,
outros vieram... e saíram também. Outros voltaram, alguns se profissionalizaram jovens. Nós
continuamos dentro das nossas parcas possibilidades. Movidos pelos sonhos de um dia
conseguir.
E dentro desses sonhos, buscávamos tirar tudo o que podíamos do que possuíamos. Investimos
em equipamentos extremamente amadores, microfones de baixa qualidade. Usávamos o nosso
aparelho de som para amplificar os raros instrumentos que desfrutávamos. Sacrifício.
E ainda assim, conseguimos gravar alguns ensaios, fizemos uma fita-cassete. E essa fita
rodou de mão em mão, entre os amigos. E andava nos toca-fitas da época, de casa em casa.
Orgulho jovem...

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